domingo, 29 de novembro de 2009

- Sem Título.

Estou me matando.
São decisões que nos matam.
Mas nada nunca morre.
Só muda.
Estou me mudando.
Pra outra coisa que eu não sei quem é.

Então, me deixa tentar.

sábado, 28 de novembro de 2009

- Fernando Pessoa.

Não tenho ninguém em quem confiar. A minha família não entende nada. Não posso incomodar os amigos com estas coisas. Não tenho realmente verdadeiros amigos íntimos, e mesmo aqueles a quem posso dar esse nome no sentido em que geralmente se emprega essa palavra, não são íntimos no sentido em que eu entendo a intimidade. Sou tímido, e tenho repugnância em dar a conhecer as minhas angústias. Um amigo íntimo é um dos meus ideais, um dos meus sonhos quotidianos, embora esteja certo de que nunca chegarei a ter um verdadeiro amigo íntimo. Nenhum temperamento se adapta ao meu. Não há um único carácter neste mundo que porventura dê mostras de se aproximar daquilo que eu suponho que deve ser um amigo íntimo. Acabemos com isto. Amantes ou namoradas é coisa que não tenho e é outro dos meus ideais, embora só encontre, por mais que procure, no íntimo desse ideal, vacuidade, e nada mais. Impossível, como eu o sonho! Ai de mim! Pobre Alastor! Oh Shelley, como eu te compreendo! Poderei eu confiar em minha mãe? Como eu desejaria tê-la junto de mim! Também não posso confiar nela. Mas a sua presença teria aliviado as minhas dores. Sinto-me abandonado como um náufrago no meio do mar. E que sou eu senão um náufrago, afinal? Por isso só em mim próprio posso confiar. Confiar em mim próprio? Que confiança poderei eu ter nestas linhas? Nenhuma. Quando volto a lê-las, o meu espírito sofre percebendo quão pretensiosas, quão a armar a um diário literário elas se apresentam! Nalgumas até mesmo cheguei a fazer estilo. A verdade, porém, é que sofro. Um homem tanto pode sofrer com um fato de seda como metido num saco ou dentro de uma manta de trapos. Nada mais.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sexta-feira, 13.

Passei horas no banco de manhã.
Pra nada.

De tarde, quase desmaiei.
Minha pressão estava baixa, eu estava nervoso porque não havia recebido dos meus dois ultimos emprego, e não tinha como comprar um presente pra minha mãe, que faz aniversário no domingo.

Meu trabalho foi tranqüilo,
fiz o de sempre, acho que bem feito.

Agora de noite, o Everton me ligou.
Fui no cinema com ele e com a Lais.
Assisti 2012.
O filme é bom, algumas incongruencias, mas bom.

Depois, demos uma passada num barzinho.
Hetero.
Mas que tinha um monte de moleque viado.
Acho que eu tive o meu primeiro ataque de pânico.
O Everton queria sentar,
mas eu fiquei em ar, fiquei gelado, só pensava em sair dali.
Forcei minha saída, e o Everton não gostou muito.
Paciencia.

Ele procurou um outro amigo dele,
que mora na rua da minha casa.
Sempre vi ele, em um monte de lugares,
sempre achei lindo, mas nunca pensei que fosse gay.

Eles foram pra um bar.
E eu fiquei em casa.

As vezes, a melhor forma de evitar o sofrimento é evitar lugares onde você fatalmente vai sofrer.
Foi o que eu fiz.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

- Corazón Partío.

¿quién me va a entregar sus emociones?
¿quién me va a pedir que nunca le abandone?
¿quién me tapará esta noche si hace frío?
¿quién me va a curar el corazón partío?
¿quién llenará de primaveras este enero,
Y bajará la luna para que juguemos?
Dime, si tú te vas, dime cariño mío,
¿quién me va a curar el corazón partío?

sábado, 7 de novembro de 2009

- Sem Título


acho que vai ser,
acho que vai ser,
acho que será,
acho que será,
acho que amanha,
eu vou viajar,
pra bem longe de mim,
e bem perto de você,
e pra quem sabe,
me deixar no caminho
deixar de ser só um,
largar de ser sozinho,
pra passar a ser um outro,
um outro com você.

espera.
deixa acontecer.

- Sem Título

O amor morreu.
E não se espante, meu amor.
Quem jogou a ultima pá fui eu.

- Robson.

Sempre que vejo
outro beijo que não o meu,
destes cada vez mais raros,
parece que perco algo entre
aqueles dois perdidos.

Um pedaço de lingua,
uma saliva de salvação.

- Sem Título

Olhos que explodem em cerejas,
e gosto doce na voz,
na voz ao telefone,
na voz da alma bem clarinha.

E como queria,
que a voz,
que a alma,
fosse minha.

- Sem Título

eu não sou um pão com manteiga caido com a manteiga para baixo
eu não sou uma estátua quebrada de um deus morto
eu não sou um poeta morto de esperar uma ode trinfal
eu não sou um coração parado de uma velha sozinha
eu não sou uma notícia sobre uma mãe que matou o filho
eu não sou um cheiro de tinta que caiu no seio despido
eu não sou um casal adolescente da nascida volúpia
eu não sou tudo isso
eu não sou nada disso
eu não sou muita coisa

um dia,
termino a lista.

quem sabe lá,
no dia branco que virá,
descubra
do que sobra
o que eu sou.