Por que eu não consigo ver as pessoas felizes
realmente felizes, com as pequenezas de suas vidas,
sem ficar com um frio colossal na barriga?
Que diabos é isso?
Inveja?
Culpa?
Mágoa?
Rancor de sei lá quem?
Tristeza de sei lá quando?
De onde vem isso? Da cabeça,
do figado, do coração?
De onde vem essa ânsia de viver o que eu não sou?
De onde vem essa ânsia de ser o que eu não viverei?
De onde brota?
De onde floresce, flor de velório?
Eu quem as rego,
são as lágrimas turvas de antes?
É o choro contido de agora?
Ou a resignação seca que virá?
Me acalmei.
Tomei um copo de água vazio.
Procurei no indíce remissivo.
Último verbete.
Abri na página 134.
Ela estava em branco.