quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

- Pulp Fiction.

Mia: Don't you hate that?

Vincent: What?

Mia: Uncomfortable silences. Why do we feel it's necessary to yak about bullshit in order to be comfortable?

Vincent: I don't know. That's a good question.

Mia: That's when you know you've found somebody special. When you can just shut the fuck up for a minute and comfortably enjoy the silence.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

- Todo poeta morto escreve um epitáfio em vida.

Este é o último dia da minha vida.

Estes são os últimos versos rápidos de caligrafia tremida pelo balançar do carro que tensiono a escrever.
Este e os outros versos breves e sem par que escrevi,
Assim como a vida breve e sem par que vivi,
São minha herança impar e parca,
Que deixo sem remorso para este mundo cão sarnento,
Que me coça para fora dele.
Este é meu último grito mudo e abafado pela mão de deus
Tentando avisar sei lá quem que se interesse
De que

Este é o ultimo dia da minha vida.

Um dia, estes versos farão sentido.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

- Outonal.

Enquanto o mundo todo vai aí
Respirando começo de noite de sábado de carnaval,

Eu vou levando, sem pressa,
meu olhar carregado de neblina
das manhãs de um domingo de outono.

- Invernecendo.

Pouco importa o tempo
A qualquer momento
Eu inverneço em cada esquina
de Natal a Porto Velho.

Se sair sol forte,
eu enublo o olhar,
deselenço a mão da tua,
e sigo eu e a sorte.

domingo, 29 de novembro de 2009

- Sem Título.

Estou me matando.
São decisões que nos matam.
Mas nada nunca morre.
Só muda.
Estou me mudando.
Pra outra coisa que eu não sei quem é.

Então, me deixa tentar.

sábado, 28 de novembro de 2009

- Fernando Pessoa.

Não tenho ninguém em quem confiar. A minha família não entende nada. Não posso incomodar os amigos com estas coisas. Não tenho realmente verdadeiros amigos íntimos, e mesmo aqueles a quem posso dar esse nome no sentido em que geralmente se emprega essa palavra, não são íntimos no sentido em que eu entendo a intimidade. Sou tímido, e tenho repugnância em dar a conhecer as minhas angústias. Um amigo íntimo é um dos meus ideais, um dos meus sonhos quotidianos, embora esteja certo de que nunca chegarei a ter um verdadeiro amigo íntimo. Nenhum temperamento se adapta ao meu. Não há um único carácter neste mundo que porventura dê mostras de se aproximar daquilo que eu suponho que deve ser um amigo íntimo. Acabemos com isto. Amantes ou namoradas é coisa que não tenho e é outro dos meus ideais, embora só encontre, por mais que procure, no íntimo desse ideal, vacuidade, e nada mais. Impossível, como eu o sonho! Ai de mim! Pobre Alastor! Oh Shelley, como eu te compreendo! Poderei eu confiar em minha mãe? Como eu desejaria tê-la junto de mim! Também não posso confiar nela. Mas a sua presença teria aliviado as minhas dores. Sinto-me abandonado como um náufrago no meio do mar. E que sou eu senão um náufrago, afinal? Por isso só em mim próprio posso confiar. Confiar em mim próprio? Que confiança poderei eu ter nestas linhas? Nenhuma. Quando volto a lê-las, o meu espírito sofre percebendo quão pretensiosas, quão a armar a um diário literário elas se apresentam! Nalgumas até mesmo cheguei a fazer estilo. A verdade, porém, é que sofro. Um homem tanto pode sofrer com um fato de seda como metido num saco ou dentro de uma manta de trapos. Nada mais.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sexta-feira, 13.

Passei horas no banco de manhã.
Pra nada.

De tarde, quase desmaiei.
Minha pressão estava baixa, eu estava nervoso porque não havia recebido dos meus dois ultimos emprego, e não tinha como comprar um presente pra minha mãe, que faz aniversário no domingo.

Meu trabalho foi tranqüilo,
fiz o de sempre, acho que bem feito.

Agora de noite, o Everton me ligou.
Fui no cinema com ele e com a Lais.
Assisti 2012.
O filme é bom, algumas incongruencias, mas bom.

Depois, demos uma passada num barzinho.
Hetero.
Mas que tinha um monte de moleque viado.
Acho que eu tive o meu primeiro ataque de pânico.
O Everton queria sentar,
mas eu fiquei em ar, fiquei gelado, só pensava em sair dali.
Forcei minha saída, e o Everton não gostou muito.
Paciencia.

Ele procurou um outro amigo dele,
que mora na rua da minha casa.
Sempre vi ele, em um monte de lugares,
sempre achei lindo, mas nunca pensei que fosse gay.

Eles foram pra um bar.
E eu fiquei em casa.

As vezes, a melhor forma de evitar o sofrimento é evitar lugares onde você fatalmente vai sofrer.
Foi o que eu fiz.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

- Corazón Partío.

¿quién me va a entregar sus emociones?
¿quién me va a pedir que nunca le abandone?
¿quién me tapará esta noche si hace frío?
¿quién me va a curar el corazón partío?
¿quién llenará de primaveras este enero,
Y bajará la luna para que juguemos?
Dime, si tú te vas, dime cariño mío,
¿quién me va a curar el corazón partío?

sábado, 7 de novembro de 2009

- Sem Título


acho que vai ser,
acho que vai ser,
acho que será,
acho que será,
acho que amanha,
eu vou viajar,
pra bem longe de mim,
e bem perto de você,
e pra quem sabe,
me deixar no caminho
deixar de ser só um,
largar de ser sozinho,
pra passar a ser um outro,
um outro com você.

espera.
deixa acontecer.

- Sem Título

O amor morreu.
E não se espante, meu amor.
Quem jogou a ultima pá fui eu.

- Robson.

Sempre que vejo
outro beijo que não o meu,
destes cada vez mais raros,
parece que perco algo entre
aqueles dois perdidos.

Um pedaço de lingua,
uma saliva de salvação.

- Sem Título

Olhos que explodem em cerejas,
e gosto doce na voz,
na voz ao telefone,
na voz da alma bem clarinha.

E como queria,
que a voz,
que a alma,
fosse minha.

- Sem Título

eu não sou um pão com manteiga caido com a manteiga para baixo
eu não sou uma estátua quebrada de um deus morto
eu não sou um poeta morto de esperar uma ode trinfal
eu não sou um coração parado de uma velha sozinha
eu não sou uma notícia sobre uma mãe que matou o filho
eu não sou um cheiro de tinta que caiu no seio despido
eu não sou um casal adolescente da nascida volúpia
eu não sou tudo isso
eu não sou nada disso
eu não sou muita coisa

um dia,
termino a lista.

quem sabe lá,
no dia branco que virá,
descubra
do que sobra
o que eu sou.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

- Sem Título

Troquei a solidão pela saudade
Troquei a tristeza pela dúvida
Troquei as respostas para todas as perguntas
Por um beijo.

Não me dê mais opções.

sábado, 18 de julho de 2009

quarta-feira, 3 de junho de 2009

- Sem Título.

Era a borboleta.
Tinha certeza que era.
Vi as asas abrindo
Os grandes olhos azuis
Brilhando contra o sol.
Eu sabia que voaria
Era o destino, e ele era eu.
Estava cheio.
Mas logo senti um vazio. Que me corroeu.

Logo após o salto do precipício sem escala, eu a vi voando.
Senti a passagem do vento.
Senti a passagem da vida.
Senti.
E caí.

Eu era o casulo.

terça-feira, 26 de maio de 2009

- Sem Palavras.

Pensei em mil palavras, e enfim
Nenhuma das palavras coube em mim
Não vejo saída
Como vou dizer sem me calar?
(Móveis Coloniais de Acaju)

sábado, 4 de abril de 2009

- Samba da Benção

Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba não
(Vinícius de Moraes)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

- Primavera.

E andando em um jardim de não ser,
pisei,
meio sem querer,
na flor mais bela,
a mais amarela,
de toda aquela paragem.

as outras flores,
desdenhosas,
se jogaram aos horrores
do chão, num suicídio,
floricidio,
floral e coletivo.

em 18 de novembro,
eu matei a primavera.

sábado, 28 de março de 2009

quinta-feira, 26 de março de 2009

- Morno.

Caído
Quase morno
O sol morto jazia ao meu lado.

E a lua
Ela, vazia, não vem mais.

terça-feira, 24 de março de 2009

- Desmemória.

Das lembranças que nunca tive,
Fica esta desmemoria de uma viagem perfeita
A uma terra onde o que se tem
Vale menos do que se é.

Pior do que dormir no inferno,
É lamber a porta do paraíso antes da queda.

quarta-feira, 18 de março de 2009

- Pietra Amarilla

No tengo palavras sobre
la pietra
la pietat
el corazón
el destino
Mis manos
Sus ojos

e todas las cosas que dejé cair en el camino

Todas me hacem vivir.
Todas me hacem volver.

terça-feira, 17 de março de 2009

- Findo Milênio.

O milênio já acabou e há muita coisa no ar
Se o céu pegasse fogo, alguém iria notar?
O milênio já acabou e isso não é tão ruim
Pois é, estamos perto do fim
(Ecos Falsos)

segunda-feira, 16 de março de 2009

- O Inferno.

O cachorro,
preto e vermelho de sarna,
implorava pelo destino
debaixo das rodas
dos carros da avenida.

E eles,
como o resto das pessoas,
não sabiam que o que
pra elas parecia a salvação,
era o prolongamento
do inferno.
(William De Lucca)

sábado, 14 de março de 2009

- Oração ao Tempo

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...
(Caetano Veloso)

quinta-feira, 12 de março de 2009

- Mais.

Mais do que palavras
Mais do que promessas
Mais do que o mundo pode me dar

Eu quero sempre mais que ontem
Eu quero sempre mais que hoje
Eu quero sempre mais do que eu posso ter.
(Capital Inicial)

sábado, 7 de março de 2009

Esta velha angústia,
Esta angústia que trago há séculos em mim,
Transbordou da vasilha,
Em lágrimas, em grandes imaginações,
Em sonhos em estilo de pesadelo sem terror,
Em grandes emoções súbitas sem sentido nenhum.
Transbordou.
Mal sei como conduzir-me na vida
Com este mal-estar a fazer-me pregas na alma!
Se ao menos endoidecesse deveras!
Mas não: é este estar entre,
Este quase,
Este poder ser que...,
Isto.

Um internado num manicômio é, ao menos, alguém,
Eu sou um internado num manicômio sem manicômio.
Estou doido a frio,
Estou lúcido e louco,
Estou alheio a tudo e igual a todos:
Estou dormindo desperto com sonhos que são loucura
Porque não são sonhos.
Estou assim...

Pobre velha casa da minha infância perdida!
Quem te diria que eu me desacolhesse tanto!
Que é do teu menino? Está maluco.
Que é de quem dormia sossegado sob o teu teto provinciano?
Está maluco.
Quem de quem fui? Está maluco. Hoje é quem eu sou.

Se ao menos eu tivesse uma religião qualquer!
Por exemplo, por aquele manipanso
Que havia em casa, lá nessa, trazido de África.
Era feiíssimo, era grotesco,
Mas havia nele a divindade de tudo em que se crê.
Se eu pudesse crer num manipanso qualquer —
Júpiter, Jeová, a Humanidade —
Qualquer serviria,
Pois o que é tudo senão o que pensamos de tudo?

Estala, coração de vidro pintado!

(Fernando Pessoa)

- Sem Título

As vezes escrever aqui me remete a algo de desespero.
Precisar ser ouvido, precisar ser... visto.
Ou lembrado.

Algo assim.
Algo como desabafar sozinho.
Algo como escrever coisa qualquer na parede de casa.
Mesmo sem ninguém ler, parece doer menos quando dói pra fora.

Disse ontem pra Ana uma coisa que eu achei tão... cruel,
comigo mesmo.

Disse que era mais sozinho que a solidão.
Porque ela, como coisa quase física,
sempre acompanha quem a sente.
E eu me sinto árido,
sem passos marcados no chão rachado pelo sol.

O problema não é se sentir sozinho.
O problema é sentir que isso não é um sentimento.
O problema é sentir que isso é parte de mim.

sexta-feira, 6 de março de 2009

- Dois barcos.

Será, Morena?
Sobre estar só, eu sei
Nos mares por onde andei
Devagar
Dedicou-se mais
O acaso a se esconder
E agora o amanhã, cadê?
(Los Hermanos)

quinta-feira, 5 de março de 2009

domingo, 1 de março de 2009

- Vento.

e as saudades rasgaram
o pobre jovem ao meio
espalhando os seus restos
sedentos de amor
aos quatro cantos.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

- Sem Título

E então descobri
Que neste planeta-bosque
Onde fui jogado
Não há par pra algo como eu

Só há maças brilhosas
Só há morangos perfumados
Só há laranjas sedosas

Sozinho, sou meio limão sem par.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

- (Eu)

Poesia Concreta
Poesia Discreta.
Pedaço de gente vestido de carne
Pedaço de pão pelado.

Despido, oh ceus.
Despido de tudo.

(Eu)

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

- Vida Filha da Puta.

A vida real é uma filha da puta.
E as despedidas são as irmãs dela,
que acenam da janela,
rindo-se do cortejo fúnebre dos amores que morrem,
das crianças que morrem,
dos cachorros que morrem,
e de tudo mais que nunca deveria sentir as costas em um caixão,
e a cabeça decomposta em sonhos carcomidos.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

- Cego de tudo.

Nossos olhos estão sempre buscando.
Um controle remoto, um pedaço de papel,
o Taj Mahal, uma barata na cozinha,
outros olhos,
que sempre são outros,
e procuram outras coisas pra ver,
e que nunca são as mesmas.

Só há paz absoluta na cegueira.
O nirvana está nas mãos.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

- Tales.

Você sempre me liga quando não dá pra atender.
Você sempre desliga, parece entender.

Esses dias comprei um mapa-mundi.
Rasguei o Rio Grande do Norte,
Colei com Santa Catarina.

Os restos eu joguei fora.
Depois das coisas no lugar
em que sempre deveriam estar,
Paris, Caicó, Teresina,
Nada mais tem serventia.

- Sobre ser sozinho.

A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo.
(Fernando Pessoa)

domingo, 22 de fevereiro de 2009

sábado, 21 de fevereiro de 2009

- Azul.






















Contei minha vida
Aos pombos azuis da praça,
Assim,
Sem pudores
Sem migalhas,
Como quem lê um livro aos surdos,
Só pelo puro prazer de vê-los tentando ouvir.

E como eles devoraram
meus olhos,
minha língua,
meu coração,
no mais belo ato de piedade
que já houve.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

- A Última Palavra em Fashion

Eu queria ter amigos só pra ter o que falar
Uma porção parasitas que quisessem meu lugar
Para alimentar inveja e o desejo em ver o meu fim

Porque ser melhor que os outros é bonito e faz crescer
Finas flores do bom gosto, digam "oi" para o buquê
Quando eu adentrar na sala quero todo seu olhar em mim

Como assim?
Você não viu?
Se é bom pra Nova Iorque é bom para o Brasil
Eu não sei quanto a você
Mas eu só quero conhecer quem sabe a última palavra em fashion

Você disse que teria o que podia me ajudar
As pessoas, as tendências e os lugares pra ficar
Eu só tinha que investir na reengenharia pessoal

Eram vinte em vinte chances de eu ter o meu desejo
Construir um castelinho com as coisas que apedrejo
Receber mil convidados e dizer ignorar o material

Eu só eu quero expandir
Meu pensamento burguês
Eu lhe dei tudo que tinha e você não se satisfez
Apanhei pra aprender, mas agora já sei
Qual é a última palavra em fashion

Me pintei todo de verde, mas o certo agora é azul
Eu não quis acreditar, você pôs a culpa no cool
Pois no topo do mundinho in & out só há lugar pra um
(Ecos Falsos)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

- Doença Sem Cura.

Eu sinto isso como uma doença terminal,
Que me consome em câncer num destes órgãos novos
Entre o estômago e o coração.

O remédio certo não há.
O remédio hipotético nunca esteve aqui.
O remédio possível é de prateleira alheia,
Onde os olhos mal vêem,
A mão nem alcança,
E os suspiros pararam de soprar.

E como é difícil morrer dessa doença que não tem fim.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

- Linha errada.

E não é que a felicidade é passageira?

Azar o meu,
que nestes anos de gás carbônico que engoli
de trânsitos obtusos que me perdi
e de pontes e viadutos suicidas que se beijam que cruzei,

nem sequer cheguei a pegar o mesmo ônibus
que a dita cuja.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

- Esquadros.

Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...
(Adriana Calcanhoto)

domingo, 15 de fevereiro de 2009

- Genocídio.

Com o carinho que só nós
temos de nossa própria piedade,
me mordia,
me arranhava,
me chupava,
sozinho.

No ultimo segundo,
matei uma humanidade inteira,
com minha mão direita.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

- Tired of sleep.

Sinto falta de me sentir importante,
nem que seja pra uma pessoa só.
Sinto falta de me sentir desejado,
mesmo que seja por uma noite.

Cansei das distancias,
entre as pessoas,
entre as idéias.

Cansei disso tudo.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

- O Tropeço do Acaso.

Eu tropeço no acaso assim que saio de casa.
Fecho a porta e deixo tudo que é meu,
inclusive eu,
trancado lá dentro,
mal deixando sair o vento.

Sento na rua,
bem na calçada,
onde toda gente passa,
e ninguém me vê.

Mas não me sinto só,
pois mesmo sem ser visto,
reviso o que em mim sobra,
e disso ergo a obra que me reconstrói.

Ali na rua mesmo,
bem na calçada.

Só eu e o nada.

Aos olhos desavisados,
desses que passam por passar,
nada pareço que não outro como os demais,
destes que sentam na calçada,
sem saber o que há de bom por lá.

Rio, pois são cegos todos que na calçada passam,
e não vêem que ali não é lugar de passagem,
mas é lugar de paragem, de se estar.

Mas também não daqueles que fica na janela, mirando pelos cantos, olhando com espanto, e por medo de que fora de casa, que na sarjeta, se sinta mais em casa, nada faz, e pensa que tudo passa.

Pobre coitado, nem sabe que só a felicidade passa, assim como toda a gente passa, e ninguém vê.

Mas eu não me importo com quem me olha da janela, com quem me olha da calçada, com quem me da risada, com o que me faz sonhar.

Eu me importo com a janela aberta sem saber por que, que deixa tudo entrar menos o que não vê.

O homem pensa que a janela lhe deixa ver o mundo.
Bobagem.

A janela é um engenho do mundo pra entrar onde bem quiser.
E a calçada é um engenho do homem que não tem utilidade alguma.
Exceto de ser lugar de sentar para escrever poemas.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

- Alguém pra mim.

Por que não vem me ver?
Eu quero te escutar.
Preciso de alguém pra mim...
Por que não vem me ver?
Eu quero te abraçar.
Preciso de você pra mim.
(Moptop)

sábado, 7 de fevereiro de 2009

- Sem Título

Passando a língua ao lado da boca,
lambia os restos brancos que
sobraram de uma noite suja.

não era açúcar,
não era cianureto,
não era cocaína,
nem o pó da alma.

Era você.
Que sobrou
e passou.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

- Preciso Andar.

Deixe-me ir
Preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir prá não chorar
Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que me encontrar...
(Cartola)

- Um saco de nada.

Um sofá sem marca.
Roto, como tudo.
Um saco de pipoca,
copos, uma camisa verde limão perndurada.
Assistindo um dvd.
Dexter.
Auto estima nenhuma.
Nenhuma estima.
Um senso de auto-comiseração,
de auto-piedade,
que me impede de abrir as asas.


Acho que eu não sei mais o que fazer.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

- Sem Título

Como devia ser?
Os dois assinam um contrato com a alma,
e quando um dos dois escolhe que é hora de ir embora,
ambos morrem.

felizes para o curto sempre.

- Sem Palavras

Não é medo, nem é riso
Não é raso, não é pouco, nem é oco
Não é fato, nem é mito
Não é raro, não é tolo, não é louco
Não é isso, não é oco
Não é fraco, não é dito, não é morto
Não, não, não, não
(Móveis Coloniais de Acaju)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

- Alô?

Tuuuu.
Tuuuu.

E do outro lado.
“- Alô?”

E meu mundo parou por 13 minutos e 37 segundos.
E do outro lado.
Como será que o tempo passou?

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

- Flor sem Par.

Ó bromélia acesa,
toda cheia de si,
com gosto de nova e
cheiro tão nobre,
pensando assim
em mim,
ó cravo
tão bem fincado
neste vaso afastado
de um futuro comum.

Flor de enterro,
Flor sem par.

sábado, 31 de janeiro de 2009

- Sem Título

Sozinho no Oceano
Gota de chuva rumo à morte
Kamizase Natural, Natureza morta
Rumo ao final azul do mar
Chuva na água
Lagrima do céu que cai
Sabe que tem que cair
Sabe que tem que morrer
E morre.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

- Sem título.

Cada palavra que tu dizias
Soava como um
Taaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaam
Taaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaam
Taaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaam
Como um balde de alumínio
Em um quarto escuro e úmido
Por sob uma goteira

In
Ces
San
Te.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

- Sumiço.

Um tempo sem postar aqui.
Muita coisa aconteceu,
pouco tempo para plugar no mundo virtual.

Mas em breve, darei mais atenção ao blog.